quinta-feira, 25 de abril de 2013

Assentados de Rio Bonito estreiam Feira Agroecológica


Nesta quarta-feira, 24/04, os agricultores ecológicos dos assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire iniciaram a Feira Agroecológica em Rio Bonito do Iguaçu. O evento é uma realização do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (CEAGRO), juntamente com a equipe de Ater, Rede Ecovida, em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu.
            São 20 famílias que produzem orgânicos, e agora poderão beneficiar a população de Rio Bonito com alimentos sem veneno e que fazem bem a saúde.
            A feira será realizada todas as quarta-feira, em frente a Igreja Matriz.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ASSENTADOS COMEMORAM 17 ANOS DA OCUPAÇÃO DO MAIOR ASSENTAMENTO DA AMÉRICA LATINA


Dia 17 de abril, os Assentamentos Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire, completam mais um ano de sua história. 17 anos, de conquista da terra, essa história prova para todos os setores da sociedade a viabilidade social e econômica da Reforma Agrária.
            Tudo começou em uma madrugada gelada, quando se ouviu o bater das foices e o grito da Reforma Agrária. Eram vozes presas, sufocadas pela sociedade. Aproximadamente, 3.000 famílias equivalente a 12 mil pessoas, acamparam às margens da rodovia BR-158, no município de Rio Bonito do Iguaçu, onde ficaram à espera por dois anos até a liberação do  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a desapropriação da terra.
            A ocupação dessa área que hoje é o Assentamento, foi na fazenda Giacomet-Marondim, também conhecida como Araupel, que se deu no dia 17 de abril de 1996 em Rio Bonito do Iguaçu. Dessa ocupação, surgiu o Assentamento Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire, com 1.512 famílias assentadas.
            “Era muito sofrimento, todos aqueles barracos, muita fumaça, chuva. O acampamento do Buraco foi de muito sofrimento, mas que compensou depois”, diz Marcelaine Reguelin, que chegou no acampamento com 13 anos de idade junto com os pais.
            A família de Marcelaine trabalhava de agregado em uma fazenda, e com a pouca renda que ganhavam não dava para sustentar a familia de 5 filhos pequenos. Seu pai ficou sabendo do movimento em uma reunião no sindicato dos trabalhadores, e resolveu se organizar junto na ocupação da Giacomet.
                        Outro fato que Reguelin conta é sobre o preconceito que sofriam na época do acampamento, “ quando chegamos tivemos que ir estudar na cidade, e a gente sofria muito preconceito pelo cheiro da fumaça e por ser acampado”. Hoje, muitos desses preconceitos foram superados, pois com a chegada do assentamento o município de Rio Bonito do Iguaçu cresceu, trazendo vários benefícios a sociedade e em torno.
            Após 17 anos, os assentamentos produzem alimentos para a mesa de muitos brasileiros, pois uma grande parte entrega alimentos para a merenda escolar, PAA e PNAE. Hoje, os assentamento Marcos Freire e Ireno Alves dos Santos, ambos na antiga fazenda Giacomet, contam com 6 escolas municipais  4 escolas estaduais, 1 brinquedoteca e 2 postos de saúde. Além disso, são 17 comunidades no Ireno Alves e 11 no Marcos Freire, onde todas contam centros comunitários.

COMEMORAÇÃO
            Em comemoração aos 17 anos da luta pela terra, aconteceu nesta quarta-feira uma grandiosa festa no Assentamento Marcos Freire, na comunidade Camargo Filho. O evento contou com a participação dos assentados e vários amigos do MST, que vieram prestigiar esse momento com as famílias.

            O almoço foi a base de churrasco e saladas, e a tarde com atividades culturais.
            O dia 17 de abril é decretado feriado em Rio Bonito do Iguaçu.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Situação da Reforma Agrária no País


Em todo o Brasil ainda estão acampadas em torno de 60 mil famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Apresentando, portanto, a situação atual de lentidão da reforma agrária. Essa lentidão para se fazer a desapropriação das áreas improdutivas se deve ao Poder Judiciário, que é um entrave para a Reforma Agrária.  
            A luta pela terra em nosso país começa quando os portugueses dividiram às terras dos povos indígenas que aqui habitavam em Sesmarias que dava o direito a apropriação do território brasileiro as pessoas próximas ao Rei de Portugal  A posse privada da terra continua a mesma desde 1500, quando nossas terras foram invadidas pelos portugueses, mas agora ela age sobre a forma do latifúndio que dá a posse de grandes extensões de terras a um único proprietário. Se verifica que houve apenas uma mudança de sinônimo de Sesmaria para Latifúndio, a forma de apropriação privada da terra continua a mesma, só aumentou o número de grandes proprietários de terras no Brasil.
            Para transformar essa situação de distribuição de terras para uma pequena parcela da sociedade é que o movimento sem terra que vem lutando em sua caminhada contra o latifúndio e qualquer forma de exploração do trabalho. Ainda existem somente no Paraná mais de 5.500 famílias em acampamentos do MST, à espera da reforma agrária. Apesar de estar previsto na constituição de 1988 que comete a união desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, é muito lento o processo de desapropriação das terras no país.
            É muito ágil para soltar decretos de despejos de áreas ocupadas e para julgar recursos de latifundiários, mas muito devagar para assinar as desapropriações de áreas que não cumprem a função social. A estimativa é de que 193 áreas se encontram com processos judiciais que impedem aquisição pelo INCRA. São mais de 986 mil hectares de terras, em todo o país, que dependem da justiça para a sua liberação para a Reforma Agrária.
            Nesses 28 anos do MST, foram assentadas no Paraná, mais de 19 mil famílias, distribuídas em 311 assentamentos em 130 municípios do estado. A reforma agrária para essas famílias não representa somente a terra agora cumprindo sua função social, que desenvolve a agricultura e o trabalho humano no contato com a vida. Mas representa a dignidade resgatada pelos anos vividos a margem da sociedade, sofrendo as mais diversas formas de exploração.
            O ano de 2012 não foi favorável para a reforma agrária que se encontrada paralisada no Paraná, em que nenhuma área improdutiva foi desapropriada. No ano anterior 2011, o número de famílias assentadas foi de 637 no Paraná. Sendo que a nível de Brasil foram assentadas 1.651 famílias organizadas no MST. Esses números apresentam uma lentidão na criação de assentamentos e insuficiência de políticas para o desenvolvimento dos assentamentos.
            Mesmo com a reforma agrária paralisada o movimento sem terra não parou em suas lutas, o ano de 2012 foi um dos anos que o movimento mais se mobilizou para reivindicar a liberação imediata dos assentamentos no Paraná. Todas as jornadas de lutas do 8 de março, o abril vermelho, a cúpula dos povos, o encontro unitário dos camponeses, os sem terrinhas e os atos realizados nos assentamentos e acampamentos, tiveram como pauta comum a agilidade na reforma agrária.
            Frente ao capitalismo o movimento se posicionou contra sua expansão no campo, as iniciativas para o desenvolvimento da agroecologia vem só aumentando nos assentamentos, cada vez mais cresce o número de alimentos orgânicos comercializando na compra direta do PNAE ou nas feiras orgânicas das cidades.

Renovação da ATER para 2013


Um avanço para a reforma agrária nesse ano foi a renovação do contrato de Assistência Técnica para os assentamentos da região. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) renovou o contrato de Assistência Técnica em Extensão Rural (ATER) com o CEAGRO para o ano de 2013.
O contrato foi ampliando para os Assentamentos Marcos Freire, 8 de Junho e Bugre Morto. A equipe de ATER agora conta com 13 técnicos dentre agronômos, engenheiros florestais e técnicos agrícolas que vão dar o suporte necessário para às famílias assentadas desenvolverem a agroecologia em seus lotes.
            O trabalho de assistência técnica é fruto de um convênio entre CEAGRO e INCRA, que acompanha as iniciativas produtivas e que contribuem para o desenvolvimento econômico e social dos assentamentos do Movimento Sem Terra (MST). As ações da assistência técnica, possuem um grande enfoque baseado nos princípios da agroecologia a fim de apoiar o processo sustentável das atividades agropecuárias e agrícolas nos assentamentos, pois além do aspecto econômico, a produção de alimentos é importante para garantir a soberania alimentar das famílias.
            Nos assentamentos Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire, a equipe de assistência técnica está trabalhando desde o dia 23 de novembro para atender a demanda das famílias. Para os assentamentos Bugre Morto e 8 de Junho às atividades da assistência iniciaram no dia 26. Visando o fortalecimento das atividades nesses assentamentos a equipe técnica trabalha de forma integrada e dialogada para desenvolver cada vez mais a produção humana e orgância no território da Cantuquiriguaçu.

Parceria entre os mercados COOPERA e o COPERJUNHO


Começou nesse ano de 2012 uma nova parceria entre os Mercados COOPERA e a cooperativa COPERJUNHO, do assentamento 8 de Junho em Laranjeiras do Sul. Esta união entre as duas cooperativas fazem parte do Grupo Cooperativo da Reforma Agrária.
 A parceira entre os mercados e a cooperativa de panifícios começou em outubro, e já apresenta sinais de mudanças que permite a promoção dos alimentos da Reforma Agrária produzidos pelas mãos dos próprios assentados e a comercialização desses produtos nos mercados que geram renda para essas famílias.
            Essa integração possibilita o desenvolvimento da cooperação que começa com a relação direta entre produtor e consumidor, onde os trabalhadores dos mercados vão estar dispostos a ouvir opiniões e sugestões dos consumidores, para repassar as mulheres da cooperativa para uma melhorar produção. Assim, cria-se um vínculo entre os trabalhadores por meio dessa cooperação aumentando o desenvolvimento econômico, produtivo e social.
            Os produtos disponivéis nos mercados de Rio Bonito do Iguaçu e Nova Laranjeiras, para a venda são de pães e bolos. Em breve a intenção dos mercados é fornecer a matéria-prima para o COPERJUNHO aumentar sua produção. A integração vai possibilitar cada vez mais o desenvolvimento dos assentamentos e será uma experiência bem sucedida para ser levada a outros áreas da Reforma Agrária, sendo um incentivo para abertura de agroindústrias e cooperativas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Coperjunho vence a 1º. edição do Prêmio Nestlé de Criação de Valor Compartilhado


A Cooperativa Agroindustrial 8 de Junho - Coperjunho - foi a vencedora do Prêmio Nestlé de Criação de Valor Compartilhado com um projeto de produção sustentável de leite a partir da agricultura familiar. A iniciativa nasceu há dois anos e agora pretende ampliar resultados, aumentando em 30% a renda de produtores familiares de leite em Laranjeira do Sul, no Paraná.
“Estávamos no meio de uma reunião discutindo exatamente nossos desafios e necessidades, quando recebi a ligação da Nestlé informando que ganhamos. Foi uma alegria muito grande saber que através do recurso do prêmio poderemos fazer esse projeto”, conta Ivan Testa, coordenador do projeto. Segundo ele, nos próximos cinco anos, o objetivo é atingir a produção diária de 20 mil litros de leite por dia com a participação de 400 famílias no projeto.

Segundo Testa, a meta fica mais fácil de ser atingida com a conquista do prêmio, pois os R$ 100 mil a serem recebidos serão destinados à construção de um laboratório que aumentará a produção de remédios homeopáticos usados no tratamento do gado. O recurso também será usado para custear o trabalho dos profissionais que atuarão nesse laboratório e de técnicos que auxiliam na capacitação dos produtores de leite em campo.

A Nestlé no Brasil -- único mercado a desenvolver um prêmio semelhante ao que é realizado na Suíça globalmente -- premiou a Cooperjunho pelo benefício que o projeto apresentado proporcionará aos agricultores assentados da reforma agrária, o aperfeiçoamento da nutrição do rebanho, da higiene e da melhora da ordenha do leite para a indústria, além da introdução de técnicas de produção sustentáveis.

Para os vencedores, o prêmio trará ainda outro benefício. “O desenvolvimento do projeto contribui para a permanência da juventude junto às famílias. Devido à extensão de terra que temos ser pequena, se não melhorarmos a produção e aumentarmos o ganho, os jovens são obrigados a irem para cidade para trabalhar”, explica Testa. Assim, a Criação de Valor Compartilhado no projeto paranaense tem um efeito multiplicador que alcança, inclusive, as gerações futuras.
Além do projeto vencedor da Cooperjunho, também foram classificados na fase final do Prêmio Nestlé de Criação de Valor Compartilhado outros dois projetos: um direcionado à valorização e permanência de jovens na agricultura familiar do sertão do Ceará, apresentado pela Agência de Desenvolvimento Econômico Local do Estado do Ceará (Adel); outro voltado ao desenvolvimento da gestão e operação de agricultores familiares no Piauí, apresentado pela ONG Care Brasil.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os impactos dos Agrotóxicos no Campo


Um grave problema atinge hoje o campo brasileiro, o uso abusivo dos agrotóxicos e as sementes transgênicas, comprometem a vida humana e do meio ambiente. Cada vez mais, os agricultores usam dosagens maiores de agrotóxicos, que começam desde o plantio e vai até a colheita das sementes. E  agora, com a modificação da genética do milho e da soja, a agricultura corre o risco de perder às sementes crioulas, que sempre estiveram nas mãos dos agricultores, e que passa de geração à geração.
            As empresas multinacionais que produzem os agrotóxicos como Bayer, Monsanto e a Syngenta, lucram bilhões de reais sobre a agricultura baseada principalmente no uso indiscriminado dos agrotóxicos. Essas grandes produtoras de veneno defendem o latifúndio, e são contra toda e qualquer iniciativa de reprodução da agroecologia, porque defendem exclusivamente o interesse do agronegócio de acumular riquezas provocando a destruição da vida.
            Os danos para a saúde humana são vários, dentre eles principalmente é comprovado que os agrotóxicos causam câncer e a morte. Para o meio ambiente o uso dos agrotóxicos e das sementes transgênicas, causam a redução da biodiversidade, onde várias espécies foram destruídas e a riqueza de nutrientes do solo está escassa. Outro problema que afeta diretamente os agricultores, é a dependência das empresas produtoras de pacotes agro-químicos, que dominam a produção e distribuição de alimentos no mundo. O agricultor passa a plantar para pagar o seu financiamento exigido por esse pacote.
            É uma gama suja que envolve o pequeno agricultor e faz da agricultura uma mercadoria que só tem valor para quem domina às sementes e os agrotóxicos. A solução para acabar com essa privatização da cultura camponesa de fazer a vida, é o modelo da agricultura camponesa que considera as sementes como o patrimônio da humanidade, porque propõe uma produção orgânica sem uso de agrotóxicos e a troca de sementes crioulas com a comunidade camponesa. Cuidar da agricultura e das sementes é pensar em uma soberania alimentar que cultive a cultura do homem agricultor, que valorize às relações entre os homens e a relação do trabalho com a terra.
            A agricultura precisa ser sinônimo de vida, não podemos aceitar que os alimentos sejam produzidos com altos índices de agrotóxicos. A mesa do homem do campo e da cidade, precisa ter alimentos saudáveis produzidos com técnicas orgânicas. Por que, é exatamente a agricultura camponesa que produz cerca de 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.
            Uma das iniciativas fortes que estão comprometidas em denunciar os riscos dos agrotóxicos é o Comitê da Campanha Permanente Contra o Uso dos Agrotóxicos, que realiza várias ações de formação para a compreensão que a agricultura é viável do ponto de vista da agroecologia. O comitê é uma iniciativa dos movimentos sociais do campo, de pequenos agricultores e da Universidade Federal da Fronteira Sul, que acompanha o desenvolvimento da agroecologia na região, oferecendo suporte pedagógico e técnico para fortalecer a produção saudável de alimentos sem agrotóxicos.